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  • Foto do escritorAriane Sasso

Construção de Desempenho - Estudo de Caso do Centro Corporativo Portinari

Atualizado: 29 de fev. de 2020


Você já deve ter me ouvido falar, ou lido no blog, que estamos no entrepasso de eras diferentes da construção civil, sobretudo aqui no Brasil.

Estamos saindo da era prescritiva, e avançando para a construção civil de desempenho, o que é ratificado e pressionado pelas inúmeras mudanças em normalização e tecnologias que vem sendo implementadas no setor, desde o início dos 2000.

Atendimento aos critérios mínimos de desempenho (NBR 15575) para edifícios habitacionais e eficiência energética (Programa Brasileiro de Etiquetagem) em construções produzidas com recursos federais já são exigências.

Exigências em BIM estão a caminho.

De olho nessa mudança hoje vamos falar de um dos muitos bons exemplos de adaptações a este novo momento do setor da construção civil brasileira, que abarca atendimento as exigências normativas, certificações de sustentabilidade e eficiência, e modelagem da informação da construção: O Centro Corporativo Portinari, Brasília – DF.

Imagem de Internet - Painel Scrum

Fonte: Site do Centro Corporativo - http://www.centrocorporativoportinari.com.br - em 23/08/2019

O Portinari faz parte de uma bem estruturada estratégia de negócio que previu o atendimento das novas demandas associadas à construções comprometidas com a sustentabilidade local, com excelência em qualidade construtiva. O que permite ao edifício o título de edificação LEED Platinum e PBE Edifica Nível A.

O controle e gestão de facilities é outro grande coringa na manga o Portinari.

A gestão do uso da edificação associada ao gerenciamento das facilities com a modelagem das informações daconstrução (BIM) garante que as muitas vantagens alcançadas com bons projetos dos sistemas e a boa execução da obra possam ser usufruídas de forma que a qualidade alcançada inicialmente pelo edifício seja mantida por maior período de tempo. O que acaba esticando a distância entre as manutenções, no limite do que a boa gestão é capaz de proporcionar.

Dentre as vantagens que podem ser mais imediatamente percebidas destaca-se o sistema de envoltória, projetado para reduzir o ganho de calor da edificação. A fachada é projetada para restringir o ganho de carga térmica, o que atinge decisivamente o consumo de energia proveniente do sistema de condicionamento do ar interno.

Fonte: Site do Centro Corporativo - http://www.centrocorporativoportinari.com.br - em 23/08/2019

A fachada é composta por duas peles de vidro refletivos espaçadas (fachada ventilada), e a solução encontrada para melhorar a condição inicial apontada por simulação foi a serigrafia do vidro externo, que proporcionou redução considerável na incidência direta de radiação solar, funcionando como quebra sol.

Fachada ventilada com vidro externo serigrafado no sentido horizontal. Fotografia da Autora - em 24/03/2019

Além disso, no espaçamento entre as faces de vidro, ocorre a convecção do ar (movimentos verticais relacionados ao aquecimento e resfriamento dos fluídos).

O ar aquecido escapa pelos gradis horizontais que funcionam como mais um quebra sol do sistema.

Fachada Ventilada - Saída de ar superior com quebra parcial da incidência solar. Fotografia da Autora - em 24/03/2019

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Aberturas envidraçadas Nível Terraço - Vidro duplo insulado. Fotografia da Autora - em 24/03/2019

No nível do Terraço, onde não há o sistema de fachada dupla fora utilizado sitema de vidro duplo insulado.

Todos esses recursos aplicados na envoltória para assegurar que a carga térmica a ser dissipada dentro do edifício fosse reduzida, reduzindo o consumo com ar condicionado.

O condicionamento de ar, muito favorecido pela envoltória, por sua vez, é realizado por sistema VRF de alta eficiência, como controle setorizado da temperatura.

Controle de temperatura e nível de iluminação são gerenciados remotamente considerando a presença de usuários, as atividades realizadas, horários e outras variáveis para o conforto.

Sensor setorizado de temperatura do sistema VRF Samsung. Fotografia da Autora - em 24/03/2019

Nível Terraço em fase de conclusão do piso suspenso, com isolante acústico e posicionamento de luminárias e entrada de ar do sistema de condicionamento. Fotografia da Autora - em 24/03/2019

No subsolo é evidente o incentivo à utilização de modais alternativos como bicicletas e veículos de baixas emissão e consumo. As melhores vagas, mais próximas aos acessos verticais do edifício, são as vagas de quem polui menos, ou apresenta alguma dificuldade em mobilidade. Os elevadores contam com antecipação de chamada, e sistema de regeneração de energia.

Nível Subsolo. Privilégio no posicionamento das vagas de pessoas com mobilidade reduzida. Fotografia da Autora - em 24/03/2019

Nível Subsolo. Privilégio no posicionamento das vagas para veículos de baixa emissão de poluentes e consumo. Fotografia da Autora - em 24/03/2019

Energia e água possuem medições setorizadas, o que permite avaliar se há desequilíbrio de consumo entre os setores e se existe necessidade de investigação preventiva, ou manutenção.

Água pluvial é reutilizada no paisagismo e em outras atividades que não geram prejuízo à saúde humana.

O sistema de esgotamento é a vácuo, o que permite que descargas completas sejam realizadas com aproximadamente 2 l de água.

Shaft sistema de esgoto à vácuo. Visita para manutenção preventiva e corretiva. Fotografia da Autora - em 24/03/2019

Mas o que de fato faz um edifício ser diferente dos demais?

No caso do Portinari várias medidas foram adotadas a fim de atender critérios de sustentabilidade na construção civil, o que lhe garantiu o selo LEED Platinum, conferido pelo Green Building Council, conselho brasileiro (GBC – Brasil).

No trato mais sustentável com o Terreno foram implementadas “diversas estratégias para prevenir a saída de sedimentos do canteiro de obra e os impactos da construção, com destaque para:

  • a construção de um sistema lava rodas na entrada de acesso à obra;

  • implementação de um sistema de lava bicas móvel;

  • a proteção de taludes e encostas, mesmo que temporário;

  • a minimização da poeira gerada com aspersão de água;

  • a retirada de sólidos suspensos antes do descarte das águas na rede de água pluvial; estabilização de vias;

  • proteção das espécies vegetais existentes, entre outras.”

Os cuidados com terreno começam ainda na escolha do local do empreendimento que se deu “em área urbana consolidada, com pleno aproveitamento da infraestrutura local: fácil acesso ao transporte público bem como a presença de serviços básicos diferenciados em suas proximidades (bancos, restaurantes, academias, entre outros).”

“O projeto paisagístico privilegiou áreas livres de construção no terreno, promovendo o aumento da biodiversidade.” Em relação ao que é praticado no local.

Fonte: Site do Centro Corporativo - http://www.centrocorporativoportinari.com.br - em 23/08/2019

As vagas de estacionamento foram projetadas para os subsolos, o que permite que esta área não seja criadora de ilha de calor no local.

Para a cobertura fora utilizado material com alto Índice de Refletância Solar (SRI) a fim de minimizar os efeitos das ilhas de calor.

Em Consumo Consciente de Água as estratégias utilizadas foram:

  • instalação de torneiras e chuveiros com baixa vazão;

  • bacias sanitárias à vácuo e mictórios com fechamento automático;

  • emprego de espécies vegetais de baixo consumo e/ou adaptadas para o paisagismo, que demandam menor quantidade de água;

  • captação e aproveitamento das águas pluviais para irrigação;

  • implantação de um sistema de irrigação eficiente utilizando fonte de água não potável (água pluvial e de condensação do sistema de climatização).

O consumo de água é monitorado e controlado através de um sistema de automação predial.

”O Portinari alcançou “redução de cerca de 49% no consumo de água potável em sanitários e de 100% no consumo de água potável no sistema de irrigação.

Em Energia o Centro Corporativo Portinari alcança redução de mais de 36% do consumo, em relação aos parâmetros de um modelo de referência (denominado baseline).

Em Energia destacam-se as estratégias de:

  • comissionamento dos sistemas que demandam energia, para assegurar que os sistemas especificados no projeto foram instalados e calibrados corretamente e que as equipes que irão operar o empreendimento possuam informações sobre os sistemas e estejam adequadamente treinadas para a função;

  • envoltória (fachadas e coberturas) projetada para diminuição da carga térmica do edifício;

  • sistema de climatização eficiente com a instalação do sistema VRF com controle setorizado de temperatura;

  • elevadores de alta performance com sistema de antecipação de chamada, que proporciona menor tempo de espera e maior economia no consumo de energia;

  • simulação energética computacional do empreendimento para comprovação dos resultados alcançados pelas especificações de projeto;

  • sistema de gerenciamento de iluminação com lâmpadas LED de alta eficiência, atendendo a protocolo Dali de endereçamento;

  • Geração de energia renovável por meio da instalação de placas fotovoltaicas na cobertura do edifício, sendo prevista a geração anual de 92.564,00 kWh.

O consumo de energia é monitorado e controlado através de um sistema de automação predial;

Nos Critérios referentes a Materiais e Recursos observa-se grande preocupação com o usuário final e suas rotinas a partir do e no edifício.

Para isso fora criado “Depósito Central de Resíduos (recicláveis e não recicláveis) para facilitar a gestão de resíduos durante o uso e a operação do edifício.

Durante a construção “76,35% dos resíduos gerados foram desviados de aterro ou “bota fora”, sendo encaminhados para reciclagem ou reaproveitamento.

“Utilização de material com conteúdo reciclado presente nos principais insumos da curva ABC do empreendimento. Cerca de 11,8% dos materiais incorporados, em custo, são reciclados;”

“Priorização pela aquisição de materiais regionais, extraídos, beneficiados e manufaturados em um raio inferior a 800 km do empreendimento;”

“Utilização de madeira com a certificação Forest Stewardship Council (FSC), sendo 54% da madeira incorporada ao empreendimento certificada FSC.”

Neste quesito, o Portinari alcançou 6 pontos em critérios atendidos.

Já em Qualidade do Ambiente Interno o Projeto se posicionou como exemplo da boa arquitetura (para pessoas).

O projeto de ventilação mecânica demonstrou atendimento às exigências normativas, especificamente quanto à qualidade do ar. As taxas de renovação de ar nos ambientes estão excedendo em 30% as vazões mínimas exigidas as vazões mínimas exigidas pela ASHRAE Standard 62.1-2007; além de contar com sistema de exaustão com controle de CO (monóxido de carbono) nos subsolos;

A comunicação visual é realizada por meio de placas de sinalização em pontos estratégicos informando da proibição do fumo nas áreas internas e externas (a uma distância mínima de 8 metros de qualquer tomada de ar e entradas do edifício) do empreendimento;

Redução dos impactos gerados pelas atividades geradoras de poeira e outras emissões, implementando um Plano de Gestão da Qualidade Interna do Ar, priorizando atividades como:

  • limpeza periódica do canteiro com aspersão de água;

  • utilização de exaustores para ventilação de ambientes internos;

  • utilização de lixadeiras com coletor de pó integrado nos serviços de pintura;

  • utilização de disco de corte com dispositivo que libera água para redução da poeira gerada durante o corte de cerâmicas, porcelanatos e blocos, etc.

Diminuição da quantidade de contaminantes no ar e nocivas à saúde dos colaboradores da obra e usuários com a aquisição de adesivos, selantes, tintas e revestimentos com baixa emissão de compostos orgânicos voláteis no ambiente;

O edifício se conecta com o exterior por meio de um projeto que privilegiou o acesso visual às áreas externas do empreendimento.

Os critérios da certificação LEED, são pré-estabelecidos. No caso do Portinari a tipologia de certificação é a de NOVAS CONSTRUÇÕES E GRANDES REFORMAS (BD+C).

Alcançados 40 pontos, a edificação pode ser certificada. Com 50 ponto a certificação alcança nível Prata. Com 60 passa a ser Ouro. Acima de 79 o nível mais alto: Platinum.

O Portinari alcançou 82 pontos de 110 possíveis e é, sem dúvida, um dos grandes bons exemplos de construção e de gestão de edifícios no Brasil hoje.

DICA DA ARIANE:

A Construção de Desempenho mais que o agrupamento de sistemas de alta tecnologia e high tec facilities, exige comprometimento com melhores práticas, documentação dos processos de planejamento e construção, e o alcance de metas.

DICA DE ESPECIALISTA:

Esse novo modelo de construção é uma resposta sensível hoje da indústria da construção para as preocupações apontadas entre 87 e 2002 com o desencadeamento da Agenda 21 for Sustentable Construction in Developing Countries.

O processo de mudança já está em andamento, começou a ser acelerado de 2015 para cá. E não volta atrás.

Não fique você para trás!

 

EQUIPE DA OBRA :

Equipe Construção: Supera Engenharia

Inteligência Predial: Grupo Orion

Comercialização: Iris Imóveis corporativos

CONTATO:

SCS Quadra 04 Bloco A Edifício Vera Cruz 5º andar Brasília - DF | CEP: 70.304-913 (61) 3314-1010 contato@irisgestao.com.br

 

Ainda tem dúvidas??? Que tal uma consultoria nesse assunto???

YT: Arianesas

FB: e53.arq

Insta: arq.ariane.e53

ariane@e53.arq.br

 

Bibliografia e fonte de imagens:

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575-1: Edificações habitacionais – Desempenho. Parte 1: Requisitos gerais. Rio de Janeiro, 2013a.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575-4:Edificações habitacionais – Desempenho. Parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas. Rio de Janeiro, 2013b.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575-5:Edificações habitacionais – Desempenho. Parte 5: Requisitos para os sistemas de coberturas. Rio de Janeiro, 2013c.

FERRÃO, A. L. S. Facilities: Ambientes inteligentes e eficientes em pequenas edificações, Brasília: AVM Faculdade Integrada, 2015.

LAMBERTS, Roberto; DUTRA, Luciano; PEREIRA, Fernando O. R. Eficiência Energética na Arquitetura, Eletrobras-Procel, 2014.

PROCEL. Diretrizes para obtenção do nível A para edificações comerciais, de serviços e públicas, v. 1. Rio de Janeiro: Eletrobras/Procel, 2014.

PROCEL. Manual para Aplicação do RAC, v. 1. Rio de Janeiro: Eletrobras/Procel,2013. Disponível em: <http://www.pbeedifica.com.br/node/39>. Acesso em: 25 nov.2015.PROCEL. Manual para Aplicação do RTQ-C, v. 4. Rio de Janeiro:Eletrobras/Procel, 2016.

PROCEL. Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de EficiênciaEnergética de Edificações Comerciais, de Serviços e Públicas (RTQ-C). Rio deJaneiro: Eletrobras/Procel, 2014.

PROCEL. Requisitos de Avaliação da Conformidade para Eficiência Energéticade Edificações Residencial, Comercial, de Serviço e Público (RAC). Rio deJaneiro: Eletrobras/Procel, 2013.

http://www.centrocorporativoportinari.com.br - em: 23/08/2019

http://www.centrocorporativoportinari.com.br/SUSTENTABILIDADE.html - em: 23/08/2019

https://youtu.be/WbbKgfcboio - em: 23/08/2019

https://www.gbcbrasil.org.br/docs/leed.pdf - em: 23/08/2019

 

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