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  • Foto do escritorAriane Sasso

Cobertura verde: Modismo, ou tecnologia da natureza em prol da economia de energia?


​Muita gente me pergunta o que eu penso sobre as coberturas verdes. Mas o que eu mais percebo quando as pessoas me perguntam é uma grande desconfiança por parte delas sobre o funcionamento, ou não do sistema. Por isso, atendendo a vários pedidos, hoje nós vamos falar das coberturas verdes. E eu espero poder ajudar a sanar uma série de dúvidas que andam nas cabeças de todos vocês.

Escola de Arte, Design e Mídia na Universidade Tecnológica de Nanyang – Cingapura

"No meio do Oceano Atlântico, começou no século 9, a tradição de cobrir as casas com um turf, uma espécie de tapete verde, introduzido pelos colonos nórdicos, os primeiros dos quais foram os Vikings.

Um pouco como os animais que para entrarem em hibernação cavam tocas cercadas por terras e raízes, a relva tradicional era usada para manter a casa aconchegante durante o clima mais rígido, pois consegue um isolamento térmico superior aos materiais comuns de construção."

Arquitetura vernacular Islandesa.

"A técnica é única porque usada por todas as classes econômicas e em todos os tipos de edifícios (casas, igrejas, celeiros ...)."

Esta é a ”arquitetura vernacular" islandesa, que ganhou a nomeação para se tornar patrimônio da Unesco.

Arquitetura vernacular Islandesa.

Arquitetura vernacular Islandesa.

Há também quem diga que os primeiros telhados verdes foram os da Babilônia... muitos séculos antes de Cristo. Ou até mesmo os das "cidade perdida dos Incas"

Ruinas de Matchu Pitchu, Peru.

Mas e aqui? Será que no Brasil, que não tem quase nada haver com a Islândia, as coberturas verdes não passam de MODA?

"Telhado verde, terraço jardim, cobertura vegetal, cobertura sustentável, eco-telhado, telhado ecológico, são vários os nomes dados para esse sistema construtivo tão utilizado pelos admiradores da arquitetura sustentável."

Não se trata de uma técnica recente, no Brasil. A técnica foi muito utilizada nos anos 20 na arquitetura moderna.

"O terraço jardim era um dos 5 pontos fundamentais da nova arquitetura, segundo Le Corbusier¹." E no Brasil, o mais importante exemplo desse movimento é o Palácio Gustavo Capanema, no Rio de janeiro", de Roberto Burle Marx².

Cobertura do edifício Gustavo Capanema, Rio de Janeiro - Jardins de Roberto Burle Marx.

Então vamos lá!

Quais seriam as maiores vantagens e desvantagens de um telhado verde?

10 Vantagens:

  • Diminui a poluição e melhora a qualidade do ar das cidades. A vegetação absorve as substâncias tóxicas e a libera oxigênio na atmosfera, quando jovem.

  • Ajuda a combater o efeito de Ilhas de Calor nas grandes cidades.

  • Melhora o isolamento térmico da edificação. Protege contra as altas temperatura no verão e ajuda a manter a temperatura interna no inverno.

  • Melhora o isolamento acústico da edificação. A vegetação absorve os ruídos e abafa.

  • Maior retenção da água das chuvas. A vegetação auxilia na drenagem da água da chuva, reduzindo assim a necessidade de escoamento de água e de sistemas de esgoto e ainda filtra a poluição dessas águas.

  • Pode servir como ponto de captação de águas pluviais para reuso com filtragem e pré-higienização das águas;

  • Diminui a possibilidade de enchentes. Como retem melhor a água da chuva, o excesso não vai para as ruas.

  • Ajuda na diminuição da temperatura do micro e macro ambientes externo.

  • Reduz o consumo de energia, e melhora a eficiência energética devido à redução da temperatura no ambiente interno, diminuindo a necessidade de refrigeração.

  • Aumento da biodiversidade local, atraindo pássaros, borboletas entre outros.

Mas também tem algumas desvantagens:

  • Necessita manutenção periódica para manter sua estrutura saudável e com boa aparência, o que deve ser feito por jardineiros ou paisagistas.

  • O Investimento financeiro inicial pode ser alto.

  • Restrições quanto à estrutura podem inviabilizar o sistema.

  • Necessita de mão de obra especializada para instalação para evitar problemas de vazamento e infiltrações.

DICA DA ARIANE:

É importante escolher vegetação de crescimento lento e controlado, e também com evapotranspiração reduzida para economizar água, embora possa perfeitamente ser utilizada água de reúso para as regas.

DICA DA ESPECIALISTA:

As coberturas verdes são ótima forma de conseguir reduzir o ganho de calor do edifício por coberturas.

As camadas de terra (solo) e de vegetação conduzem, mas também difundem, resistem, e refletem energia térmica. A vegetação ainda absorve e incorpora calor ao processo de fotossíntese acelerando-o.

Analisando dados de Mitchell,1993 é possível verificar que para todas essas características físicas os solos em geral apresentam valores médios de Condutividade, Calor Específico e Capacidade de Aumento Volumétrico baixos em comparação com outros minerais e matéria orgânica.

Quando com vegetação, ainda recebem uma camada de sombreamento e o processo de fotossíntese acelerado cria um ciclo virtuoso de quanto mais calor mais desenvolvimento da vegetação e, consequentemente, mais sombra.

Outro dado importante de ser analisado é que a cobertura, na grande maioria das situações, é a face da edificação que receberá luz direta do sol por mais horas no dia. Portanto é a face que mais precisa de proteção.

Outro fator positivo: se a cobertura está mais protegida do calor ela dilata menos o que retarda o desgaste geral da estrutura.

E por último, mas talvez um dos fatores mais importantes: a terra umedecida, e os vegetais retém água. E a água, como se sabe, é o regulador da temperatura do nosso planeta. Onde há água, há menor variação de temperatura. E aí voltamos pra questão da dilatação. Além disso é preciso muita energia para aquecer a água... ela também funcionará como bloqueador do ganho de calor, em associação com a terra, potencializando as características físicas dos solos.

Assim as coberturas verdes se tornam uma manta isolante de alta tecnologia por conta principalmente dos vegetais em crescimento, repletos de água, com capacidade de absorver, refletir, resistir, e conduzir pouco a energia térmica; sombreando o solo da luz direta, que umedecido, regula a sua própria temperatura e sombreia as estruturas com relativa regularidade térmica.

Então vamos mostrar algumas das maneiras mais artesanais e também dos sistemas comerciais de coberturas verdes disponíveis no mercado:

Para fazer uma cobertura verde você irá precisar proteger a estrutura de sua cobertura com uma camada de proteção mecânica (regularização, ou contrapiso). E logo em seguida impermeabilizar esta primeira proteção, o que pode ser feito com lona de no mínimo 200 micras.

Logo acima uma proteção contra invasão de raízes (manta anti-raiz) de fácil aquisição no mercado.

Em seguida o sistema de drenagem, para o qual pode-se utilizar de revestimentos modulares facilmente encontrados via internet e em lojas especializadas em paisagismo e jardinagem.

Alguns vem associando os sistemas de drenagem e os filtros geotexteis (tecidos permeáveis). Caso não encontre o conjunto irá precisar de manta geotextil (Bidim, Macdrain ou similar) para retenção de partículas sem prejudicar a passagem da água.

Após o tecido você vai aplicar o substrato (terra) necessário, a vegetação desejada, irrigar e curtir a sua cobertura verde. Ok?

Veja:

(estrutura da cobertura = telhado)

A grande vantagem dos sistemas comerciais de coberturas verdes é o fato de você poder comprar todo material necessário de um mesmo fornecedor, contar com assistência técnica especializada e saber que o produto já fora testado inúmeras vezes.

Alguns contam com certificações, o que é importante como referência de qualidade do produto.

Sistemas Skygarden Envec:

Sistemas com tecnologia Japonesa, um dos primeiros a chegar ao Brasil.

Embora transnacional a Skygarden já se adaptou ao mercado brasileiro.

Traz o sistema Slim, que consegue ser aplicado com apenas 4 cm de substrato; sistema mais espessos como o Ten. E os fantásticos sistemas Cerrado e Mata Atlântica, com os quais é possível aplicação de vegetação de até 3,5 m de altura, adaptado para a vegetação local.

Sistema Cidade Jardim:

O sistema oferecido pelo Instituto Cidade Jardim é modular, prático e apresenta-se como boa opção para situações planas e inclinadas.

Mesmo com pequenas desvantagens, a relação custo e benefício compensa muito. Vale a pena investir no sistema de cobertura verde!

DICA DA ARIANE:

Se você precisa de etiquetagem energética para o seu edifício, sem dúvida, as coberturas verdes são opção forte para ajudar no sistema envoltória.

No caso de retrofits as condições estruturais do edifício precisam ser consideradas.

É isso!!! Espero ter ajudado a tirar algumas dúvidas.

AbraSasso!!!

 

REPENSE!!!

Está faltando chuva porque está faltando vegetação!

RECUSE!!!

Fazer igual não vai nos levar a lugar diferente!

 

Ainda tem dúvidas??? Entre em contato!!!

YT: Arianesas

FB: e53.arq

Insta: arq.ariane.e53

ariane@e53.arq.br

 

1 - Le Corbusier: Expoente mundial da arquitetura moderna.

2 - Roberto Burle Marx: Expoente da arquitetura paisagística brasileira. Um dos maiores paisagistas do mundo.

Bibliografia e fonte de imagens:

https://arcoweb.com.br/finestra/tecnologia/ecoeficiencia-telhados-verdes-01-12-2009

https://arvoresdesaopaulo.wordpress.com/2009/10/15/telhados-verdes-skygarden

https://institutocidadejardim.wordpress.com/2011/06/22/telhado-verde-no-banco-do-brasil-belo-horizonte/​

https://www.greenme.com.br/morar/bioarquitetura/2711-casas-teto-verde-islandia-candidatas-patrimonio-unesco

http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=38292

http://www.skygarden.com.br/

http://sustentarqui.com.br/dicas/vantagens-e-desvantagens-de-um-telhado-verde/

http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/9507/9507_3.PDF

http://blogaecweb.com.br/blog/conheca-6-construcoes-surpreendentes-de-arquitetura-sustentavel/

 

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